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         Os 92 dias passados injustamente na cadeia, sob suspeita dos estupros de 11 mulheres na região do Grande ABC, podem render ao motoboy Manoel Marques Pereira Filho, de 38 anos, mais de R$ 3 milhões em indenização. Isso se a Justiça lhe der ganho de causa em uma ação iniciada neste mês, após a absolvição das acusações.

         Considerado estuprador – e por isso sério candidato a ser morto – ele ficou uma semana na cadeia com presos comuns até ser transferido para uma unidade com detentos de menor periculosidade.

         ‘Você não fez mesmo? Então a gente não vai fazer nada com você, mas se chegar aqui um BO (boletim de ocorrência) com o teu nome vamos te matar. Nós já arrancamos a cabeça de um jack (gíria usada pelos detentos para se referirem aos estupradores) uma vez’. Essa foi à ameaça que Pereira Filho recebeu na cadeia pública de Santo André, quando foi preso, em outubro de 2003.

         “O meu pensamento era só de morrer e não conseguir mais ver minha família. Não faço questão de dinheiro, porque não tem dinheiro no mundo que pague a moral de um homem”, diz o motoboy. Contudo, seus advogados João Barbagallo Filho e Renato de Paula Rodrigues, pediram à Justiça indenizações por danos morais de R$ 3 milhões e por danos materiais de cerca de R$ 11 mil.

         Segundo a polícia, 11 mulheres foram violentadas entre abril e setembro de 2003 em Santo André, São Bernardo e São Caetano. Em todos os casos elas foram abordadas por um motoqueiro que as levava a um matagal e as estuprava sem tirar o capacete.
Com base num retrato falado, Pereira Filho foi preso. Apesar disso, os estupros continuaram acontecendo. O motoboy foi libertado em janeiro de 2004 e absolvido das 11 acusações.

(Diário de São Paulo, 25/11/2006)