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         Depois de mais de um ano presos injustamente, dois jovens recuperaram a liberdade ontem à noite, em São Paulo. A repórter Mariana Kotscho contou como esse pesadelo começou.
Uma mãe que voltou a sorrir depois de um ano de sofrimento. O filho caçula, Evanilson, estava preso. A acusação, roubo de celular.

         Evanilson, de 21 anos, e o amigo Anderson, de 23, saíram ontem à noite da cadeia e foram recebidos com festa pela família. Em casa, Evanilson pôde finalmente abrir os presentes do Natal passado.

         Hoje a comemoração continuou. Anderson, que é músico, também reencontrou os instrumentos que toca.

         “Eu preciso fazer uns reparos neles. Tá difícil pra tocar, algumas notas estão falhando”, contou Anderson.

         Em novembro do ano passado eles foram presos em Taboão da Serra, grande São Paulo.

         Uma moça confundiu os rapazes com ladrões. A polícia nunca encontrou o celular dela, roubado, nem a arma e a moto que a vítima diz ter visto na hora do assalto.
Meses depois, em depoimento à Justiça, ela admitiu que foi um engano. Apesar disso, os dois continuaram presos.

         “Eles ficaram um ano presos num sistema prisional que traz riscos de vida e que traz um dano irreparável a essas criaturas. E o princípio do direito é, quem causa prejuízo a alguém, mesmo que seja o Estado, deve indenizar”, afirma Luiz Flávio Borges D´urso, presidente da OAB-SP

         Evanilson era borracheiro e estudava informática. Anderson tocava na banda municipal de Embu e em casamentos. Eles não tinham antecedentes criminais.

Foram 380 dias na cadeia, agora Anderson e Evanilson querem recuperar o tempo perdido, mas eles têm muito medo de que oportunidades de estudo e trabalho não apareçam mais daqui para frente.

         “Tem muitas pessoas que não acreditam que uma pessoa possa ficar um bom tempo preso injustamente. Acham que só quem vai para cadeia é quem deve. Isso faz muito medo”, acredita Evanilson.

         O medo não os faz desistir. Anderson de Faria voltou a ensaiar. Já tem show no domingo. Para essas duas famílias o presente de Natal veio antecipado.

         O pesadelo dos dois jovens ainda não terminou. A liberdade é provisória.

         Anderson e Evanilson serão julgados, mesmo não havendo provas contra eles.

(http://Jornalnacional.globo.com/joranlismo/JN, 20/12/2006)