Nascido
no Município baiano de Itabuna em 10 de agosto de 1902, Jorge
Amado foi o romancista brasileiro com o maior número de obras
traduzidas em todo o mundo, a maioria delas retratando os tons sensuais
de sua nativa Bahia.
Com apenas
15 anos, começou a trabalhar como repórter policial, no
“Diário da Bahia”. Quatro anos mais tarde lançou
seu primeiro romance, “O País do Carnaval”, surpreendendo
a crítica e o público com a sua aguçada crítica
política.
Junto com
a carreira de escritor, começava a militância comunista
que o levou a ser preso durante o Estado Novo. Alguns de seus livros
foram apreendidos pela polícia política de Getúlio
Vargas.
O historiador Nelson Werneck Sodré definiu Jorge Amado com “um
pioneiro ao criar um público para a leitura brasileira”.
Amado mudou-se
para o Rio de Janeiro em 1930, formando-se em Ciências Jurídicas
e Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundou e dirigiu
jornais e revistas, escreveu uma biografia do líder comunista
Luiz Carlos Prestes, “Cavaleiro da Esperança”, em
1942.
Em 1945,
elegeu-se deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro. Dois anos
depois perdeu o mandato quando o então presidente Eurico Gaspar
Dutra baniu os partidos de esquerda do Brasil, declarando sua ilegalidade.
Jorge Amado passou a viver como exilado em diversos países, como
a França e a antiga Checoslováquia. No exílio,
escreveu “Os Subterrâneos da Liberdade”, romance em
três volumes que dissecava o Estado Novo e denunciava a perseguição
política, a tortura e as prisões. Em 1952, seus livros
foram proibidos nos Estados Unidos.
Em 1956,
contrariando com os rumos do comunismo na antiga União Soviética,
desfiliou-se do PCB. Já em 1958, escreveu aquele que seria um
de seus maiores sucessos internacionais, “Gabriela, Cravo e Canela”,
marcando com isso uma nova fase literária, em que se destacavam
personagens bufões, os malandros, o humor e o lirismo. Essa obra
ganhou versão em 33 idiomas, virou novela e filme.
Com “Dona
Flor e Seus Dois Maridos”, Jorge amado fez história no
cinema, como o autor de maior bilheteria no Brasil.
Membro da Academia Brasileira de Letras, desde 1961, recebeu em março
de 1998 o título de doutor honoris causa na Sobornne, em Paris,
uma das mais importantes universidades do mundo.
Nos últimos
anos, por causa dos problemas cardíacos, Amado recolhe-se à
sua casa em Salvador, no tradicional bairro do Rio Vermelho. Desde 1996,
usava um marca passo.
Em uma autobiografia,
Amado definiu-se como merecedor de muito mais do que sonhara em vida
e disse que lutou por duas grandes causa do homem: o pão e a
liberdade.
Jorge foi
o autor que traduziu de forma mais perfeita a Bahia, a terra do cacau,
as mulheres brejeiras, a brasilidade, a cultura de um povo rico em personagens.
(fonte: “Carta Forense”, n.º 29, outubro de 2005, p.
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