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          Waldemar Seyssel, o palhaço “arrelia”, nascido em 31 de dezembro de 1905, era de uma família circense. Conta Waldemar que o avô era um conde francês, que um dia se apaixonou por moça de circo, e por ela deixou o seu castelo e tudo mais, abdicando dos seus direitos. Daí a família ficou sempre trabalhando em circo, até chegar as Américas. Arrelia, nome que lhe foi dado por um tio, que o achava de muito travesso, já com um mês entrou em cena, pois precisavam de um garoto chorão. E Arrelia chorava tanto, que aquilo provocou risadas no público. E, já maiorzinho, o garoto “arreliento”, foi aprendendo de tudo: barras, trapézio, trampolim. Quando maior, começou a entrar nas “pantomimas” (peças teatrais) um garoto bonito e alto. Morava sempre em casas alugadas pela família e não debaixo da lona de circo.
          Sua mãe fez questão que ele estudasse Direito, foi então que Waldemar Seyssel entrou na Faculdade de direito do Largo São Francisco – USP, onde se formou em 1931. Conforme afirmava o velho palhaço, foi contemporâneo do ilustre jurista Miguel Reale dentre outras grandes personalidades do mundo jurídico. Embora tenha se formado, nunca exerceu a profissão, tampouco se escreveu nos quadros da OAB.
          Logo que terminou a faculdade formou a Campanha Seyssel. Ai começou a verdadeira ascensão de Arrelia. Só Instalado no largo da Pólvora, em São Paulo, a Cia. ficou 11 anos. Além de vários outros lugares e cidades. Quando foi inaugurada a TV Tupi de São Paulo, Arrelia foi o primeiro palhaço a participar, até mesmo nos programas teste, que aconteceram no Hospital das Clinicas, em São Paulo no começo do ano 1950. Criou quadros famosos, como o que aparecia só com a bengala. Os números levavam os espectadores ao delírio. Também criou e gravou músicas para o carnaval, bem como par ao folclore nacional, como o “Como vai, como vai, como vai?” Só na TV Record, apresentando-se todas as semanas com “Circo do Arrelia”. Arrelia, seu irmão Henrique, que sempre o acompanhava, e seu sobrinho Pimetinha, que veio depois, colocaram o circo numa posição de importância, dentro da televisão.
          Antes do falecimento em 23/05/2005, com 99 anos, não trabalhava mais, porém não tinha perdido o bom humor aguçado e o dom de fazer graça, criar situações curiosas, engraçadas, vivas e inteligentes.
(fonte: “Carta Forense”, n.º 28, setembro de 2005, p.15)