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         Camisa preta, calça jeans e tênis. Uma roupa comum, muito usada pelos jovens. Para a polícia, é também a principal evidência de um crime. No dia 9 de setembro, quatro homens conversavam num posto de gasolina. As câmeras de segurança registraram o momento em que dois encapuzados chegaram disparando. Um deles estava de camiseta preta e jeans. A câmera segue gravando. Pouco depois, aparece um homem com roupas parecidas e sem capuz. A imagem foi mostrada aos frentistas, que reconheceram um vizinho do posto: Rodrigo. Para a polícia, ele é o principal suspeito, o assassino que volta ao local do crime.

         “Pela maneira como ele se portou na filmagem – por duas vezes retornando ao local do crime – e, principalmente, pelas contradições em seu depoimento”, alega o delegado William Grande.

         Rodrigo Cavalcanti de Melo está preso há 19 dias. Ele foi apontado pelas testemunhas como o homem que aparece sem o capuz. A conclusão de que ele é o mesmo que atirou foi da polícia, sem que a fita passasse pelos peritos do instituto de criminalística.

         A pedido do Jornal Nacional, o perito Ricardo Molina analisou as imagens. O assassino tem o tronco menor que as pernas. O corpo de Rodrigo é mais proporcional. A altura do assassino é estimada em 1,80 metro. Rodrigo é dez centímetros mais baixo.

         “Não é a mesma pessoa. E era possível verificar isso apenas com o exame das imagens”, assegura Molina.

         A fita com as imagens não chegou ao Ministério Público. Mesmo assim, o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira diz que encaminhou o pedido de prisão preventiva confiando no trabalho da polícia, e a Justiça concedeu.

         “Num primeiro momento, não se exigem provas e sim indícios. E indícios há”, justifica o promotor.

         “Eu acho que houve um erro, e esse erro tem que ser corrigido. Ele não deve e não teme. Não é justo meu filho pagar por uma coisa que ele não fez”, diz a mãe de Rodrigo, Eleonora Cavalcanti de Melo.

         Depois de ser informado pela reportagem da situação de Rodrigo Cavalcanti de Melo, o juiz Leandro Cano revogou a prisão dele no início da noite.

(http://Jornalnacional.globo.com/joranlismo/JN, 24/10/2006)